Após semanas de apuração e produção, o jornalismo do Na Rede pretendia publicar, neste sábado, 27, uma reportagem especial sobre o dolinamento da Mina 18. A reportagem pretende revelar dados e documentos inéditos, explicando o estranho movimento de uma mina que era classificada como sendo de "improvável a ocorrência de sinkhole" e que acabou percorrendo estranhamente, em poucas semanas, mais de 700 metros de camadas subterrâneas até chegar à superfície - comportamento completamente diferente de todas as outras minas da lavra. Os planos de publicação acabaram sendo adiados devido a uma nota emitida pela assessoria da Braskem, na qual a mineradora se negou a repassar informações sobre uma série de questionamentos relacionados ao caso.
Ao todo, nosso jornalismo encaminhou 15 perguntas sobre "eventos, comunicações e coincidências" que antecederam a chegada da cratera da mina 18 à superfície no dia 10 de dezembro do ano passado. A resposta aos questionamentos do Na Rede poderia revelar e confirmar informações importantes, mas a empresa se negou a responder às perguntas. Em nota encaminhada ao nosso jornalismo na última terça-feira, 23, os 15 pontos levantados pelo Na Rede foram respondidos na seguinte nota: "A Braskem informa que todas as informações técnicas referentes à cavidade 18 e demais assuntos atinentes ao Plano de Fechamento de Mina são periodicamente repassados às autoridades competentes."
A negativa acabou por atrasar o processo de publicação da reportagem, pois dificulta a checagem de dados e a veracidade dos documentos obtidos durante a investigação. Mas, coincidentemente, 3 dias após a negativa da mineradora em prestar informações à sociedade, um ofício encaminhado nesta sexta-feira, 26, pela Agência Nacional de Mineração, determina que a Braskem apresente, em caráter urgente, um relatório técnico com todas as justificativas sobre o dolinamento da Mina 18.
O ofício foi encaminhado à sede administrativa da mineradora em Camaçari, na Bahia. Além de explicar os reais motivos que fizeram a mina 18 colapsar, a mineradora está sendo obrigada a apresentar um Relatório de Análise de Risco. No documento, a Braskem precisa emitir laudo técnico sobre "possível ocorrência de novos eventos de movimentação do terreno ou abatimentos, envolvendo a própria frente de lavra M#18, frentes de lavra adjacentes a essa ou possíveis colapsos em outras cavidades".
A mineradora, agora, tem um prazo de 60 dias, a contar desta sexta-feira, para apresentar todas as informações - negadas ao nosso jornalismo - "às autoridades competentes."
Em breve, antes do prazo dado pela ANM, o Na Rede publicará a reportagem, com ou sem as respostas da Braskem aos questionamentos.
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